Atualmente,
devido a etologia (estudo do comportamento animal), é possível entender um
pouco mais sobre estes seres realmente interessantes. Há estudos que provam que
as pessoas solitárias têm mais propensão de sofrer de males do coração e
cérebro do que aquelas que possuem um animal para conversar, trocar afeto ou
simplesmente tê-lo como responsabilidade de alimentação e higiene.
Podemos considerar como animais de estimação não somente o cão,
o gato, o peixe, o hamster, como também aqueles denominados "animais de
produção", e que tornam-se importantes elos de amizade e apoio àqueles que
são sozinhos.
Para o homem que mora no campo, as galinhas, vacas e porcos
possuem "nomes" e quando saudados, ao amanhecer, respondem
alegremente com grunhidos, mugidos e cacarejos. Chegam a ser tão importantes
que, muitas vezes, seus proprietários evitam viajar para não deixá-los sem os devidos
cuidados.
No entanto, para muitos, estas pessoas são confundidas e
consideradas muitas vezes como "anti-sociais", que não possuem
respeito nem laços de carinho por ninguém. Mas isso não é verdade. Na
realidade, a pessoa que abdica de algumas de suas atividades sociais devido a
"seus amigos", é um grande poço de sentimentos por aqueles que mais
precisam de sua companhia, pois ela sabe que, apesar de seus animais terem à
disposição um campo, onde encontram um riacho para beber e um pasto para comer,
nunca é igual a comida que é posta em seus cochos. Nota-se, muitas vezes, que
estes proprietários tratam seus animais como se fossem seus filhos pequenos,
pois os grandes foram estudar e trabalhar na cidade.
Grande parte dos animais de companhia vive dentro de nossos
lares, tornando-se, dessa maneira, peças importantes em nosso relacionamento
afetivo, tanto com eles, como também entre nós, os seres humanos. Psicólogos
recomendam que crianças hiperativas possuam um bichinho de estimação para
acompanhar o processo de crescimento nas diversas fases da maturidade do
animal, diminuindo, assim, seu ritmo de vida.
Em nossa rotina clínica, constatamos que algumas pessoas tratam
melhor seu animalzinho do que seus familiares e amigos; conhecemos outros que,
antes de possuir o animal, afirmavam que não os queriam dentro de suas casas,
devido à sujeira que eles poderiam fazer. Entretanto, a partir da entrada do
companheiro em suas vidas, assumiram a responsabilidade de todas as atividades
referentes ao novo membro da família, tornando-se, inclusive, mais amáveis no
relacionamento com humanos.
Discordo quando ouço dizer que o animal dá muita atenção a seu
dono, como ato de submissão. Acredito que há uma interação de amizade profunda
e a necessidade de aproveitar ao máximo a presença daquele amigo.
Os animais possuem uma virtude raramente encontrada nos seres
humanos, que é a "verdadeira amizade", sem ranços de interesse.
Na clínica vemos cães e gatos que passam por um período de
profunda tristeza e saudade quando seu melhor amigo morre ou viaja,
apresentando por longo tempo perda de apetite e sinais acentuados de desânimo.
Lembro-me de vários casos que posso narrar aqui e que comprovam a sensibilidade
e a sinceridade de sentimentos de nossos amigos – os animais.
Certa vez, em uma casa, havia um papagaio, uma gata e um
cachorro. Este último sofreu um acidente e morreu. O papagaio e a gata não se
alimentaram por quase uma semana e passaram dias "chamando" pelo cão.
Um Pastor Alemão, com onze anos de idade, vivia com seu dono, um
senhor idoso e seu filho, que ficava muito pouco em casa. Este cão desenvolveu
um problema de pele, com diminuição de apetite e aparecimento de pêlos brancos.
Ao conversar com o filho, soubemos que o Pastor Alemão estava muito triste,
passando longo tempo de baixo da janela do quarto de seu pai, que desenvolveu
um tipo de câncer fulminante e como conseqüência, pouco saía para
"conversar com seu amigo". Medicamos o cão para as lesões, receitamos
um estimulante de apetite e recomendamos que lhe fosse dada maior atenção, mas
mesmo assim, não sentimos uma grande melhora em seu estado de saúde.
Logo após, aquele senhor veio a falecer. Quando retornei para
rever o cão, era visível a tristeza em seu olhar pela perda de seu dono, amigo
e companheiro. Antes da doença, o cão só fazia suas refeições depois que seu
senhor conversava com ele, afagando-o na cabeça. Agora sob nossa orientação, o
filho está tentando fazê-lo comer da mesma maneira, ou seja, conversando e
afagando-o, mas ainda persiste a diminuição do apetite.
Nossos amigos, os animais, possuem, além de tantas outras
qualidades, a virtude da gratidão, com muito maior expressão que o homem, pois
uma vez tendo-os ajudado, jamais esquecem.
Atendia a uma senhora, dona de cinco cães, sendo que um deles,
um pequeno vira-lata, não era simpático com ninguém, incluindo eu. Conhecia-o
há cinco anos e sempre quando ia a sua casa, latia muito, como se estivesse
avisando que não tinha muito o que conversar comigo. Certo dia fui chamado para
atendê-lo, pois um Boxer o tinha mordido no pescoço. Ao examiná-lo, apresentava
dificuldade respiratória severa, com suspeita de ruptura da traquéia. As
mucosas estavam cianóficas e o animal sofria muito. A proprietária me falou que
se não houvesse solução, o melhor seria aplicar uma injeção para ele
"dormir". Mas o olhar do animal suplicava ajuda. Trouxe-o para a
clínica, fizemos a cirurgia e três dias depois o animal voltou para seu lar.
Hoje, quando vou até sua casa, ele ouve o barulho do meu carro e já fica
agitado, latindo alegremente. Quando entro, me saúda com muita festa, dando-me
lambidas de carinho e saltitando ao meu redor, como uma espécie de
agradecimento. Por essas e outras, é que me sinto cada vez mais gratificado em
ser Médico Veterinário.
Todos nós sabemos que a vida moderna, nos dias atuais, em muito
nos beneficia; entretanto ela também nos traz a falta de tempo para
descansarmos e relaxarmos e, com isto, nosso grande e iminente companheiro passa
a ser o stress. O dia desgastante, o trânsito caótico, chefe que nos perturba,
a queda das bolsas de valores, tudo isso é amenizado quando, ao chegarmos em
casa, nossos amigos nos agraciam com uma recepção calorosa de beijos
(lambidas), abraços (com suas patas) e falas carinhosas (latidos e miados).
Literalmente sucumbimos perante esta demonstração tão sincera de
afeto e amizade. Acredito que 90 porcento do stress poderá ser eliminado
através desta interação, que resulta num relaxamento muito agradável ao corpo e
à mente.
Por outro lado, faz-se necessário lembrar que a sociabilização
dos animais de companhia acarretou um problema: os animais passaram a
desenvolver distúrbios comportamentais idênticos aos nossos, tais como
depressão e outros, mas que eventualmente poderão ser tratados pela homeopatia
e psicologia. Nestes casos, além da observação minuciosa do animal,
principalmente da maneira pela qual faz certas coisas, devemos interrogar o
proprietário a fim de conhecermos certas particularidades, para que, de acordo
com sua personalidade, possamos receitar-lhe o medicamento correto. Na área de
comportamento animal e doenças crônicas, a homeopatia está sendo muito
benéfica, obtendo excelentes resultados.
O julgamento de caráter dos animais é um ponto a ser particularmente
observado. Se, por acaso, um animal que normalmente é dócil e brincalhão com
todos, apresentar uma atitude comportamental de medo ou agressividade para com
determinada pessoa, esta deverá ser observada, pois, em muitas vezes
certifica-se que ela não possui bom caráter.
Como clínico de cães e gatos, a cada dia ouço novos relatos de
amizade sincera e assim tenho a confirmação do quanto esses bichinhos
melhoraram a qualidade de vida de meus clientes. São idosos que foram deixados
de lado por seus familiares, mas que são felizes por ter a companhia do seu cão
ou gato; jovens que os pais dizem ser rebeldes, mas quando seu animalzinho
necessita de vacina ou consulta, não hesitam em deixar seus momentos de lazer
para ir até a clínica.
Como já citei anteriormente, muitos psicólogos e psiquiatras
recomendam que devemos dar a nossos filhos um animal de estimação para que
aprendam a ter responsabilidades com um ser vivo, vendo-o crescer, necessitar
de alimentação, água, higiene, passeios e outros cuidados. Isto, com certeza
irá fazê-los adultos melhores.
Somente quem nunca teve um animal de estimação poderá dizer que
este envolvente ser não nos traz benefício algum. No entanto, afirmo que, a
partir do instante que tiver a sorte de receber este grande amigo em seu
ambiente, mudará imediatamente de idéia.
Acredito que cada um de nós que possui ou já possuiu um bichinho
de estimação, sempre lembrará dele com extremo carinho, seja de alguma façanha
que tenha feito ou seja nos momentos tristes em que nos consolou com
demonstrações de seu amor incondicional.
Quando um animal morre, o proprietário diz que nunca mais terá
outro para não sofrer quando acontecer a perda. Lembro que uma vez li na
revista Manchete uma matéria do Sr. Adolpho Bloch, que logo após a morte de sua
cadela "Manchetinha", uma fêmea de Dogue Alemão, havia comprado outra
cadela idêntica à primeira. O texto dizia mais ou menos assim: "comprei a
Manchetinha II em homenagem aos bons momentos que passei com a Manchetinha. Os
momentos de alegria foram muito maiores do que aqueles de tristeza, e sua
compreensão e amizade foram imensuráveis". Em resumo, afirmo que um
animalzinho de estimação faz muito bem para a cabeça e, principalmente para o
coração, em todos os sentidos.
Texto retirado do site: http://www.esoterikha.com/dia-dos-namorados/animais-amigos-pequenos-grandes-companheiros.php
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