Eu tinha uma amizade completa, que me fazia sentir vontade de viver e de
estar perto da liberdade e dos biótipos de felicidade plena. O tempo, curador
do museu da vida, me fez sentir confuso e intransigente, tudo o que eu queria,
era apenas uma certeza recíproca. As dúvidas começaram a dominar meus
sentimentos: será que aquele sorriso dizia algo? o convite do cinema foi apenas
uma convicção de solidão? os toques em meu corpo e os abraços inesperados eram
espontâneos ou me traduziam uma verdade desejada? Tive tanto medo dos meus
pensamentos e todo dia eu dormia e acordava com aquela conspiração de amor
envolvida em um plasma de amizade. Assim os momentos incríveis começaram a
sofrer interferências de terceiros - já que não podia te esconder do mundo - e
tive que assistir as cenas que repetira em outra pessoa - antes monopólio
singular, seria este um comportamento padrão e eu um mero experimento de ser
humano perfeito? Ouvi as histórias de transas mirabolantes, dos planos de
finais de semana com um certo alguém, dos medos e anseios que assolavam a sua
relação que não era a nossa. Encontrei as fotos reveladas dos instantes de
alegria, e em minha mente remontava cada cenário como se tivesse acontecido
comigo. Agora continuamos grandes amigos, mas, fico sempre a espera de uma
palavra que me faça ter certeza de que devo apresentar meu amor e finalmente
começar um novo tipo de história. Cansei de ser platéia da sua felicidade, de
sentar sozinho no bar e escutar àquelas músicas que odiávamos e de tanto
menosprezar sabíamos a letra, é difícil ter que aceitar que uma outra pessoa está
tendo um lado seu realmente divertido e raro. Bom, tenho que continuar sozinho
daqui pra frente, já que vão se casar agora, irei encontrar uma nova amizade
que me cative um amor, pois, acredito que uma utopia da forma que surgiu no
início é o trilho ideal para uma vida a dois, só que dessa vez direi o que
estou sentido sem medo de perder uma amiga ou de ter um romance, arriscarei
mais.
Pietro
Kallef
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