Seria tão fácil Senhor, abandonar a luta por um mundo melhor... Este mundo que não pára de nascer! Seria tão fácil renunciar às reuniões extenuantes, às discussões, às exposições, a essas incontáveis acções e esses compromissos ditos indispensáveis, os quais, em certas noites de fadiga extrema, duvido seriamente que sirvam meus irmãos. Seria tão fácil ouvir estas vozes que me envolvem e que se dizem sábias, amigáveis, até mesmo afectuosas, vozes que se me dirigem assim: «estás a precipitar-te» «lutas em vão» «passas ao lado do essencial». Vozes que murmuram insidiosamente nas minhas costas «ele gosta disto» «está-lhe no sangue» «não pode passar sem isso». Seria tão fácil ceder à falta de coragem e vesti-la de boas e pias intenções, como a dos deveres esquecidos e das crises de fé. Seria tão fácil ficar em casa ter de novo os serões livres e os fim-de-semana disponíveis e o sorriso das crianças e os braços da namorada. Seria tão fácil sentar-me e curar as feridas após as duras batalhas, repousar as pernas, os braços, a cabeça e o meu coração fatigados, e acolher a paz longe do campo de combate, e escutar , enfim, o silêncio, no qual - segundo dizem - falas aos Teus fiéis. Seria mais fácil, Senhor, ficar à margem e não sujar as mãos, ver os outros baterem-se e debaterem-se aconselhá-los e lastimá-los, julgá-los... e rezar por eles, Seria mais fácil... |
Retirado do site: http://cflamego.home.sapo.pt/reflexao.htm
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