Pensar positivo e encarar a vida com um sorriso no rosto é a receita para acabar com o sofrimento
Por Thays Biasetti
“Para mim, o próprio objetivo da vida é perseguir a felicidade. Isso está claro para mim. Todos querem ser felizes. O propósito de todos os seres vivos e de todas as religiões é buscar a felicidade”, Dalai Lama.
Ser feliz é a busca maior de todo ser humano. Seja por meio do amor, de um bom emprego ou de dinheiro. Cada pessoa tem a sua fórmula pré-determinada para a felicidade. Mas, na maioria das vezes, essa busca não tem fim e, apesar de conseguir tudo o que deseja, o ser humano não consegue ser feliz na plenitude.
Para o budismo, o sofrimento está ligado ao três venenos-raiz da mente: lobha (desejo, apego), dosa (aversão, ódio) e moha (ignorância, cegueira). A psicóloga e escritora Bel Cesar, autora do livro “Mania de Sofrer” (Editora Gaia), disse que cada veneno está ligado ao outro. “Por ignorância, atribuímos ao mundo exterior uma qualidade de solidez, e assim, acreditamos poder possuí-lo. Isto nos leva a sentir desejo, pois passamos a crer que poderíamos desejar algo e obtê-lo sob nosso domínio. Quando percebemos que tudo não é permanente e que nada é possível de ser possuído, sentimos aversão”, explicou.
Buda e o sofrer
Buda acreditava que tudo na vida leva ao sofrimento. Em seu primeiro sermão depois da iluminação, ele apresentou as quatro nobres verdades: existe sofrimento; o sofrimento tem causas; o sofrimento tem um fim e existe um caminho para finalizar o sofrimento.
Nos princípios do Yoga, a explicação do sofrimento se aproxima do conceito budista. Patañjali em seus Yoga-Sutras afirma que as causas de perturbações mentais são os klesas, ou seja, aquilo que gera dor, aflição ou miséria. São eles: Avidya, que significa ignorância, encobrir a realidade por meio da ilusão, valorizar os fenômenos materiais e físicos; Asmita, a sensação de individualidade, de estar identificado com o ego pessoal; Raga, o apego ou paixão àquilo que é experimentado como agradável; Dvesa/, a aversão ou repugnância ao que é desagradável; e Abhinivesa, o apego à vida, temor à morte. Monja Coen, missionária oficial da tradição Soto Shu – Zen Budismo, em São Paulo, disse que a dor vem da incoerência. “A separação da verdade traz sofrimento. É não aceitar a realidade e querer que a vida seja diferente”, disse.
Rosana Biondillo, professora de São Paulo, e autora do blog www.yogablog.zip.net afirmou que as pessoas sofrem por não se conformarem com a vida. “A não-aceitação da realidade da vida é que traz a dor. Se você não aceita, não consegue resolver as questões”, falou.
Como acabar com o sofrimento
Sofrer significa a insatisfação com as experiências nas quais vivemos. Bel Cesar afirmou que o problema das pessoas é que elas buscam algo que não existe. “Quando compreendemos que nossas expectativas estão baseadas em carências insaciáveis, começamos a entender como entramos e saímos das tramas de nossos conflitos emocionais”, comentou. Se o desejo e o apego forem extintos, o sofrimento deixa de fazer parte da vida.
Para se livrar das causas do sofrimento, é necessário um pouco de esforço. Na visão budista, para se alcançar a libertação do “eu”, deve-se andar no caminho do meio ou o nobre caminho óctuplo. Esse caminho óctuplo compreende oito verdades: compreensão correta, pensamento correto, fala correta, ação correta, modo de vida correto, esforço correto, atenção plena correta e concentração correta. “É necessário manter uma inabalável determinação. O esforço para não desanimar tem que ser constante, pois costumamos desistir quando algo se mostra além de nossas possibilidades imediatas”, comentou Bel César. Monja Coen atentou para a perseverança no caminho da libertação. “Não devemos desistir. Se cairmos sete vezes, levantamos oito. Insista”, disse a monja, que também falou que a felicidade não vem do nada. “É preciso ter a intenção de mudar para conseguir algum resultado. Não adianta querer ser feliz sem mudança”, completou.
No Yoga, o apego é uma das principais causas do sofrimento. Mas desapegar não significa largar tudo. “Você não deve ser uma pessoa largada, sem sentimentos, que não liga para nada. Desapegue, mas conscientemente. Apenas deixe de dar tanta importância a tudo”, comentou Rosana, que também afirmou que não existe pessoa sem desejos. “É muito difícil alguém não ter desejos. Reconheça o desejo e trabalhe com esse conceito. E preste atenção se você não está fazendo da sua vida esse desejo”, orientou.
Conheça-se e descomplique
Um dos primeiros passos para conseguir trilhar o caminho da felicidade é o autoconhecimento. Se você reconhece seus defeitos, erros e sentimentos, fica mais fácil trabalhar para o fim daquilo que causa dor. “Se você tem ódio de alguém, não negue. Reconheça esse sentimento e descubra a razão dele. Assim, você consegue perdoar a pessoa e deixa de sofrer, pois essa raiva só traz dor a você”, disse Rosana.
Bel completou que a aceitação é imprescindível à felicidade. “A segurança interna surge à medida que nos posicionamos diante da dor. Não adianta fingir que não estamos sofrendo. Aceitar o impacto da dor ajuda a acessar a sabedoria intuitiva”, disse. Para se conhecer, a meditação é a melhor maneira. “Medite para trazer o autoconhecimento e a transcendência de si mesmo. Sinta o seu “eu”, entre no seu interior. Só assim você consegue mudar”, disse a missionária budista.
Depois de reconhecer o que aflige, comece a praticar o desapego ao próprio sentimento. “No mesmo instante em que aceitamos a dor emocional, estamos prontos para renunciar por ela”, refletiu Bel. Não se cobre demais se as coisas deram erradas. Faça o que você pode naquele momento. Tentar ser perfeito o tempo todo gera frustrações que podem tirar o seu bom humor. “Descomplique a vida e tudo será mais fácil. Pense positivo. Veja a vida de uma maneira mais simples e aprecie as coisas comuns, como um dia bonito ou o sorriso de uma criança”, orientou Biondillo. E tente tirar o foco dos problemas para conseguir enxergar o lado bom da vida. “Temos a capacidade de ajustar o pensamento. Tente não estimular o negativo. Transforme as coisas ruins em coisas produtivas e não fique afirmando o que te faz sofrer”, orientou Coen.
Retirado do site: http://yogajournal.terra.com.br/show_yoga.php?id=252
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