A Trapezista do Circo
"Era uma vez, mas eu me lembro como se fosse agora, eu queria ser
trapezista. Minha paixão era o trapézio, me atirar lá do alto na certeza de que
alguém segurava minhas mãos, não me deixando cair. Era lindo mas eu morria de
medo. Tinha medo de tudo quase, cinema, parque de diversão, de circo, ciganos,
aquela gente encantada que chegava e seguia. Era disso que eu tinha medo, do
que não ficava para sempre. Era outra vez, outro circo, ciganos e patinadores.
O circo chegou a cidade era uma tarde de sonhos e eu corri até lá. Os artistas,
eles se preparavam nos bastidores para começar o espetáculo, e eu entrei no
meio deles e falei que eu queria ser trapezista. Veio falar comigo uma moça do
circo que era a domadora, era uma moça bonita, forte, era uma moçona mesmo. Ela
me olhou, riu um pouco, disse que era muito difícil, mas que nada era
impossível. Depois veio o palhaço Poli, veio o Topz, veio o Diverlangue que
parecia um príncipe, o dono do circo, as crianças, o público. De repente
apareceu uma luz lá no alto e todo mundo ficou olhando. A lona do circo tinha
sumido e o que eu via era a estrela Dalva no céu aberto. Quando eu cansei de
ficar olhando para o alto e fui olhar para as pessoas, só aí, eu vi que eu
estava sozinho".
Antônio
Bivar
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