Você quer conhecer-se em profundidade, mas nem sempre o consegue. Pretende chegar a conhecer corretamente os demais; também com frequência você acostuma enganar-se.
Dir-lhe-ei qual a razão disso: não chegará jamais a compreender os outros, se primeiro você não se conhecer a si mesmo e se compreender; e você não se compreenderá se não se esforçar por compreender e aceitar os outros; há nisto algo como que uma associação enriquecedora.
Você pensa, contudo, que pode conhecer-se a si mesmo mais ou menos adequadamente; porém, será muito difícil chegar a conhecer os outros dessa maneira, pela simples razão de que eles não são você e você não é eles. Sempre existe uma intimidade reservada para o próprio eu, que a ninguém é dado violar.
De tudo isso devemos deduzir que nunca se deve julgar ninguém; que em todos sempre se deve supor retidão de intenção e uma boa vontade; não tema, pois não errará, mesmo quando se equivocar.
Retirado do livro Os cinco minutos de Deus
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