quinta-feira, 31 de maio de 2012

Devo à paisagem as poucas alegrias que tive no mundo. Os homens só me deram tristezas. Ou eu nunca os entendi, ou eles nunca me entenderam. Até os mais próximos, os mais amigos, me cravaram na hora própria um espinho envenenado no coração. A terra, com os seus vestidos e as suas pregas, essa foi sempre generosa. É claro que nunca um panorama me interessou como gargarejo. É mesmo um favor que peço ao destino: que me poupe à degradação das habituais paneladas de prosa, a descrever de cor caminhos e florestas. As dobras, e as cores do chão onde firmo os pés, foram sempre no meu espírito coisas sagradas e íntimas como o amor. Falar duma encosta coberta de neve sem ter a alma branca também, retratar uma folha sem tremer como ela, olhar um abismo sem fundura nos olhos, é para mim o mesmo que gostar sem língua, ou cantar sem voz. Vivo a natureza integrado nela. De tal modo, que chego a sentir-me, em certas ocasiões, pedra, orvalho, flor ou nevoeiro. Nenhum outro espectáculo me dá semelhante plenitude e cria no meu espírito um sentido tão acabado do perfeito e do eterno. Bem sei que há gente que encontra o mesmo universo no jogo dum músculo ou na linha dum perfil. Lá está o exemplo de Miguel Angelo a demonstrá-lo. Mas eu, não. Eu declaro aqui a estas fundas e agrestes rugas de Portugal que nunca vi nada mais puro, mais gracioso, mais belo, do que um tufo de relva que fui encontrar um dia no alto das penedias da Calcedónia, no Gerez. Roma, Paris, Florença, Beethoven, Cervantes, Shakespeare... Palavra, que não troco por tudo isso o rasgão mais humilde da tua estamenha, Mãe! 

Miguel Torga, in "Diário (1942)"

Receita de bem-estar

Comida é prazer e celebração, por isso esqueça por hora sua dieta e seja feliz com um doce que você gosta – do jeitinho que você ficava quando era criança! Vale até lambuzar o rosto com o melado, só não vale ficar com culpa depois. Para sua satisfação ser a mesma, procure aquela receita original de família. Tente, então, degustar cada etapa do processo – observe a caligrafia no caderno de receitas, separe os ingredientes, entregue-se com amor ao preparo do prato. Por fim, arrume a mesa, chame os amigos e saboreie meditando cada pedaço dessa doce lembrança. Abaixo, um clássico para crianças de todas as idades.


Bolinho de chuva
Ingredientes

3 xícaras de farinha de trigo
2 ovos
1 colher de sopa de fermento em pó
2 colheres de sopa de açúcar
1 pitada de sal
Leite, se necessário
Óleo para fritar
Açúcar e canela em pó para polvilhar


Modo de preparo

Bata as claras em neve e reserve. Junte as gemas, o açúcar, o sal, o fermento e vá acrescentando a farinha aos poucos. Coloque leite apenas para dar ponto de massa mole. Por fim, junte as claras em neve. Leve uma panela ao fogo com óleo suficiente para cobrir os bolinhos. Quando o óleo estiver bem quente despeje, com uma colher de sopa, os bolinhos, um a um. Deixe-os fritando até incharem um pouco e dourarem. Depois, é só escorrê-los em uma peneira ou papel toalha e passá-los em um refratário com açúcar e canela. Sirva quente com café.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Bom dia pessoal! Hoje não postarei no blog por motivos de estudo. Espero que vocês tenham um ótimo dia, cheio de alegria e paz!

Eduardo Henrique Ferreira

terça-feira, 29 de maio de 2012

Energia no ar
Respirar não requer prática, nem habilidade, mas é possível aperfeiçoar esse processo e melhorar sua qualidade de vida. Existem muitas técnicas para isso, a que você acompanha a seguir é yogue e pode ser praticada por iniciantes e iniciados. Os benefícios, segundo esta filosofia é energizar o organismo por meio do “prana”, a energia vital que nos cerca.

Respiração alternada
1. Sente com a coluna ereta e pressione o dedo indicador esquerdo a lateral da narina direita, bloqueando a passagem de ar.
2. Inspire pela narina esquerda, contando até dez.
3. Quando terminar de inspirar, leve o polegar esquerdo para a lateral da narina esquerda, e expire pela narina direita, também contando até dez.
4. Depois, inverta o movimento: inspire pela narina direita e expire pela esquerda para fazer uma volta completa.


=D

Quando você encontra alguém especial e se apaixona por essa pessoa, você começa a construir um relacionamento com os cuidados de quem constrói uma Maravilha. 
Seus materiais básicos são constituídos de muito Amor, Companheirismo e Dedicação. 
Até que um dia algo terrível acontece, jogando por terra toda sua construção. 
É desalentador e faz mesmo pensar que todo seu trabalho fora em vão.
Mas isso é ledo engano: se construistes tudo realmente com beleza e pureza de sentimento, restará ainda uma magnífica Amizade. 
Assim como as mais majestosas construções da Humanidade deixaram suntuosas ruinas das quais cuidamos e admiramos, a Amizade fruto de um Amor de verdade, deve e merece ser preservada.

Augusto Branco

Alegria maior não há quando se descobre o tempo. O tempo de Deus. Sempre desejamos as mais variadas situações; porém as queremos na hora ou no nosso tempo.
Satisfatório quando se descobre que há um Deus vivo, que nos conhece profundamente; Ele sabe o que pensamos e queremos. Às vezes, nos deixamos levar pelas emoções momentâneas e esquecemos do tempo certo das coisas.
Quando se põe sua vida e seu coração diante Deus, Ele nos dá o que há de melhor, Ele nos dá seu amor, seu conforto. Como contestar este tempo? Doce é o sabor das coisas quando elas aparecem no tempo de Deus.
A primeira coisa que faço ao acordar é agradecer por onde estou hoje: trabalho, sentimentos, bens materiais, estudo, e principalmente, por conhecer a palavra do Senhor e amar seu filho, o qual com seu sangue me purifica diariamente dos meus pecados.
“Deus, lhe agradeço por mais este dia, pela minha saúde, pela paz e por sua Graça”.

Samuel Ramos

segunda-feira, 28 de maio de 2012



Que tal cuidar da mente, manter a saúde física em dia e ainda ganhar um corpo bonito e bem-definido, tudo em uma única prática holística? O segredo está no hatha yoga, uma poderosa técnica que preza pela educação física e mental, fugindo da inércia e desafiando os limites do aluno. No hatha, o grande objetivo do praticante é o fortalecimento do corpo físico, que deve estar preparado para suportar a força e o peso da elevação espiritual. Para isso, os asanas devem ser praticados com consciência e foco, respeitando os limites do corpo e buscando alcançar o relaxamento total.
Considerada pelos especialistas a base de todos os outros estilos de yoga, o hatha é a sua linha mais conhecida, tida como “a abordagem corporal do yoga”. Segundo o professor Fred Peixoto, praticante há mais de 20 anos, essa técnica pode ser considerada uma ginástica, mas, acima de tudo, é um método eficiente de preservação da saúde. É isso mesmo: além de deixar os músculos tinindo, o hatha também pode auxiliar no tratamento de doenças, já que atua de maneira eficiente sobre os sistemas muscular, glandular, nervoso, ósseo e respiratório. Dessa forma, ele promove um equilíbrio agradável entre bem-estar físico e emocional.
Segundo Juliana Araújo, coordenadora do curso de formação de professores de hatha yoga e yogaterapia da Humaniversidade Holística, em São Paulo, a prática do hatha nos permite fortalecer o corpo de tal forma que podemos cultivar realizações maiores (samadhi, o estado no qual a consciência é iluminada pela luz divina) e purificar os canais sutis do corpo (nadis), pelos quais circula a força vital (prana). Para isso, no entanto, é essencial manter regularidade. “O ideal é que o yoga não seja só parte da sua rotina, mas sim da sua vida”, diz Juliana. Ela explica que uma aula de hatha consiste basicamente na performance de asanas (posturas) e pranayamas (exercícios respiratórios da yoga) para controlar a mente, meditação e relaxar completamente.
A prática é recomendada para pessoas de todas as idades e de ambos os sexos, mas segundo Fred Peixoto, o formato das aulas de hatha depende do professor. “Alguns dão mais ênfase ao aspecto relaxante das posturas, enquanto outros, como eu, as utilizam no seu aspecto mais vigoroso”, explica. Em todos os casos, a atitude mental é de vital importância. “Os exercícios são feitos com consciência e concentração. Em geral, os movimentos são lentos, acompanhados de uma respiração controlada, mas muito intensos”, diz o professor, explicando que em uma única aula são trabalhadas quase 30 posturas.

É por meio da interação entre corpo e mente, masculino e feminino, Sol e Lua, que o hatha yoga proporciona resultados tão eficientes, tanto no plano físico como no espiritual. Originalmente, a palavra “hatha” significa “vigor”. Ainda, enquanto “ha” se refere ao astro solar, “tha” relaciona-se à Lua, representando a bipolaridade ativa e passiva. “O principal fundamento do hatha diz que mente e corpo são dois lados de uma mesma medalha, de forma que se influenciam mutuamente”, explica Fred. Estes mesmos conceitos dão margem, no entanto, a linhas diversas de aplicação prática.
Ashtanga-yoga, power yoga, método iyengar, entre outros, são variações diretas do hatha yoga. “São nomes diferentes para a mesma coisa. Cada um desses subestilos recebe o colorido do seu propagador, porém as técnicas são basicamente as mesmas, fazendo uso de um método diferente de ensino. Assim é importante a escolha de um bom professor”, diz ele. Ainda, de acordo com Juliana Araújo, não só no Brasil, mas no mundo todo, se você pratica asanas, pranayamas e shatkarmas, está praticando hatha. “Se compreendermos a origem, saberemos que todos os estilos são essencialmente hatha. As práticas diferem de acordo com as instruções dos professores, porém os asanas são os clássicos descritos nos textos originais, com algumas variações”, conta.
No meio de tantos estilos, ela avalia que a melhor linha a seguir é a que se adapta à condição física e aos objetivos do praticante, ressaltando que é essencial que o professor saiba de todos os problemas do aluno para fazer uma melhor indicação de posturas. “Mas é muito importante não querer que o yoga se adapte a você, aos seus vícios e hábitos. Deve-se ser consciente de que a prática vai gerar grandes transformações na sua vida e na sua maneira de lidar com o mundo”, finaliza.
 Origem milenar
Segundo o professor Fred Peixoto, o hatha é um dos ramos das inúmeras vias de libertação espiritual indiana. A técnica tem origens no chamado culto dos Siddhas, que floresceu entre os séculos 7 e 12. Por meio de técnicas corporais, eles julgavam poder transformar o corpo-mente em essência espiritual. O hatha yoga nasceu daí. A tradição hindu associa sua criação ao sábio Goraksha Natha, e também ao seu mestre, Matsyendra Natha, ambos nascido na região da baía de Bengala. No século 15, Swami Swatamarama sistematizou as técnicas no tratado Hatha Yoga Pradipika – nele estão descritas as diversas técnicas da prática. Atualmente, o hatha yoga é praticado como um método de educação física e mental, não sendo necessário seguir nenhuma filosofia exótica para estar sujeitos aos seus poderosos resultados.




" Passados dois meses de tantas histórias, comecei a pensar no sentido da solidão. Um estado interior que não depende da distância...nem do isolamento; um vazio que invade as pessoas... E que a simples companhia ou presença humana não pode preencher. Solidão foi a única coisa que eu não senti, depois que parti...nunca...em momento algum. Estava, sim, atacado de uma voraz saudade. De tudo e de todos, de coisas e de pessoas que há muito tempo não via. Mas a saudade às vezes faz bem ao coração. Valoriza os sentimentos, acende as esperanças e apaga as distâncias. Quem tem um amigo, mesmo que um só, não importa onde se encontre, jamais sofrerá de solidão; poderá morrer de saudade...mas não estará só!"

Amyr Klink
=D

A noite chegou, o trabalho acabou, é hora de voltar para casa. Lar, doce lar? Mas a casa está escura, a televisão apagada e tudo é silêncio. Ninguém para abrir a porta, ninguém à espera. Você está só. Vem a tristeza da solidão... O que mais você deseja é não estar em solidão...
Mas deixa que eu lhe diga: sua tristeza não vem da solidão. Vem das fantasias que surgem na solidão. Lembro-me de um jovem que amava a solidão: ficar sozinho, ler, ouvir, música... Assim, aos sábados, ele se preparava para uma noite de solidão feliz. Mas bastava que ele se assentasse para que as fantasias surgissem. Cenas. De um lado, amigos em festas felizes, em meio ao falatório, os risos, a cervejinha. Aí a cena se alterava: ele, sozinho naquela sala. Com certeza ninguém estava se lembrando dele. Naquela festa feliz, quem se lembraria dele? E aí a tristeza entrava e ele não mais podia curtir a sua amiga solidão. O remédio era sair, encontrar-se com a turma para encontrar a alegria da festa. Vestia-se, saía, ia para a festa... Mas na festa ele percebia que festas reais não são iguais às festas imaginadas. Era um desencontro, uma impossibilidade de compartilhar as coisas da sua solidão... A noite estava perdida.
Faço-lhe uma sugestão: leia o livro A chama de uma vela, de Bachelard. É um dos livros mais solitários e mais bonitos que jamais li. A chama de uma vela, por oposição às luzes das lâmpadas elétricas, é sempre solitária. A chama de uma vela cria, ao seu redor, um círculo de claridade mansa que se perde nas sombras. Bachelard medita diante da chama solitária de uma vela. Ao seu redor, as sombras e o silêncio. Nenhum falatório bobo ou riso fácil para perturbar a verdade da sua alma. Lendo o livro solitário de Bachelard eu encontrei comunhão. Sempre encontro comunhão quando o leio. As grandes comunhões não acontecem em meio aos risos da festa. Elas acontecem, paradoxalmente, na ausência do outro. Quem ama sabe disso. É precisamente na ausência que a proximidade é maior. Bachelard, ausente: eu o abracei agradecido por ele assim me entender tão bem. Como ele observa, "parece que há em nós cantos sombrios que toleram apenas uma luz bruxoleante. Um coração sensível gosta de valores frágeis". A vela solitária de Bachelard iluminou meus cantos sombrios, fez-me ver os objetos que se escondem quando há mais gente na cena. E ele faz uma pergunta que julgo fundamental e que proponho a você, como motivo de meditação: "Como se comporta a Sua Solidão?" Minha solidão? Há uma solidão que é minha, diferente das solidões dos outros? A solidão se comporta? Se a minha solidão se comporta, ela não é apenas uma realidade bruta e morta. Ela tem vida.
Entre as muitas coisas profundas que Sartre disse, essa é a que mais amo: "Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você." Pare. Leia de novo. E pense. Você lamenta essa maldade que a vida está fazendo com você, a solidão. Se Sartre está certo, essa maldade pode ser o lugar onde você vai plantar o seu jardim.
Como é que a sua solidão se comporta? Ou, talvez, dando um giro na pergunta: Como você se comporta com a sua solidão? O que é que você está fazendo com a sua solidão? Quando você a lamenta, você está dizendo que gostaria de se livrar dela, que ela é um sofrimento, uma doença, uma inimiga... Aprenda isso: as coisas são os nomes que lhe damos. Se chamo minha solidão de inimiga, ela será minha inimiga. Mas será possível chamá-la de amiga? Drummond acha que sim: "Por muito tempo achei que a ausência é falta./ E lastimava, ignorante, a falta./ Hoje não a lastimo./ Não há falta na ausência. A ausência é um estar em mim./ E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,/ que rio e danço e invento exclamações alegres,/ porque a ausência, essa ausência assimilada,/ ninguém a rouba mais de mim.!"
Nietzsche também tinha a solidão como sua companheira. Sozinho, doente, tinha enxaquecas terríveis que duravam três dias e o deixavam cego. Ele tirava suas alegrias de longas caminhadas pelas montanhas, da música e de uns poucos livros que ele amava. Eis aí três companheiras maravilhosas! Vejo, frequentemente, pessoas que caminham por razões da saúde. Incapazes de caminhar sozinhas, vão aos pares, aos bandos. E vão falando, falando, sem ver o mundo maravilhoso que as cerca. Falam porque não suportariam caminhar sozinhas. E, por isso mesmo, perdem a maior alegria das caminhadas, que é a alegria de estar em comunhão com a natureza. Elas não vêem as árvores, nem as flores, nem as nuvens e nem sentem o vento. Que troca infeliz! Trocam as vozes do silêncio pelo falatório vulgar. Se estivessem a sós com a natureza, em silêncio, sua solidão tornaria possível que elas ouvissem o que a natureza tem a dizer. O estar juntos não quer dizer comunhão. O estar juntos, frequentemente, é uma forma terrível de solidão, um artifício para evitar o contato conosco mesmos. Sartre chegou ao ponto de dizer que "o inferno é o outro." Sobre isso, quem sabe, conversaremos outro dia... Mas, voltando a Nietzsche, eis o que ele escreveu sobre a sua solidão:
"Ó solidão! Solidão, meu lar!... Tua voz - ela me fala com ternura e felicidade!
Não discutimos, não queixamos e muitas vezes caminhamos juntos através de portas abertas.
Pois onde quer que estás, ali as coisas são abertas e luminosas. E até mesmo as horas caminham com pés saltitantes.
Ali as palavras e os tempos/poemas de todo o ser se abrem diante de mim. Ali todo ser deseja transformar-se em palavra, e toda mudança pede para aprender de mim a falar."
E o Vinícius? Você se lembra do seu poema O operário em construção? Vivia o operário em meio a muita gente, trabalhando, falando. E enquanto ele trabalhava e falava ele nada via, nada compreendia. Mas aconteceu que, "certo dia, à mesa, ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção ao constatar assombrado que tudo naquela casa - garrafa, prato, facão - era ele que os fazia, ele, um humilde operário, um operário em construção (...) Ah! Homens de pensamento, não sabereis nunca o quando aquele humilde operário soube naquele momento! Naquela casa vazia que ele mesmo levantara, um mundo novo nascia de que nem sequer suspeitava. O operário emocionado olhou sua própria mão, sua rude mão de operário, e olhando bem para ela teve um segundo a impressão de que não havia no mundo coisa que fosse mais bela. Foi dentro da compreensão desse instante solitário que, tal sua construção, cresceu também o operário. (...) E o operário adquiriu uma nova dimensão: a dimensão da poesia."
Rainer Maria Rilke, um dos poetas mais solitários e densos que conheço, disse o seguinte: "As obras de arte são de uma solidão infinita." É na solidão que elas são geradas. Foi na casa vazia, num momento solitário, que o operário viu o mundo pela primeira vez e se transformou em poeta.
E me lembro também de Cecília Meireles, tão lindamente descrita por Drummond:
"...Não me parecia criatura inquestionavelmente real; e por mais que aferisse os traços positivos de sua presença entre nós, marcada por gestos de cortesia e sociabilidade, restava-me a impressão de que ela não estava onde nós a víamos... Distância, exílio e viagem transpareciam no seu sorriso benevolente? Por onde erraria a verdadeira Cecília..."
Sim, lá estava ela delicadamente entre os outros, participando de um jogo de relações gregárias que a delicadeza a obrigava a jogar. Mas a verdadeira Cecília estava longe, muito longe, num lugar onde ela estava irremediavelmente sozinha.
O primeiro filósofo que li, o dinamarquês Soeren Kiekeggard, um solitário que me faz companhia até hoje, observou que o início da infelicidade humana se encontra na comparação. Experimentei isso em minha própria carne. Foi quando eu, menino caipira de uma cidadezinha do interior de Minas, me mudei para o Rio de Janeiro, que conheci a infelicidade. Comparei-me com eles: cariocas, espertos, bem falantes, ricos. Eu diferente, sotaque ridículo, gaguejando de vergonha, pobre: entre eles eu não passava de um patinho feio que os outros se compraziam em bicar. Nunca fui convidado a ir à casa de qualquer um deles. Nunca convidei nenhum deles a ir à minha casa. Eu não me atreveria. Conheci, então, a solidão. A solidão de ser diferente. E sofri muito. E nem sequer me atrevi a compartilhar com meus pais esse meu sofrimento. Seria inútil. Eles não compreenderiam. E mesmo que compreendessem, eles nada podiam fazer. Assim, tive de sofrer a minha solidão duas vezes sozinho. Mas foi nela que se formou aquele que sou hoje. As caminhadas pelo deserto me fizeram forte. Aprendi a cuidar de mim mesmo. E aprendi a buscar as coisas que, para mim, solitário, faziam sentido. Como, por exemplo, a música clássica, a beleza que torna alegre a minha solidão...
A sua infelicidade com a solidão: não se deriva ela, em parte, das comparações? Você compara a cena de você, só, na casa vazia, com a cena (fantasiada ) dos outros, em celebrações cheias de risos... Essa comparação é destrutiva porque nasce da inveja. Sofra a dor real da solidão porque a solidão dói. Dói uma dor da qual pode nascer a beleza. Mas não sofra a dor da comparação. Ela não é verdadeira.
Mas essa conversa não acabou: vou falar depois sobre os companheiros que fazem minha solidão feliz.

Rubem Alves

sexta-feira, 25 de maio de 2012


Não me coloque em um circo sem os meus amigos, eu não vou conseguir rir.

Jordan Holland

Sempre acho que namoro, casamento, romance, tem começo, meio e fim. Como tudo na vida. 
Detesto quando escuto aquela conversa:
- Ah, terminei o namoro...
- Nossa, estavam juntos há tanto tempo...
- Cinco anos.... que pena... acabou...
- é... não deu certo...
Claro que deu! Deu certo durante cinco anos, só que acabou. E o bom da vida, é que você pode ter vários amores.
Não acredito em pessoas que se complementam. Acredito em pessoas que se somam. 
Às vezes você não consegue nem dar cem por cento de você para você mesmo, como cobrar cem por cento do outro?
E não temos essa coisa completa.
Às vezes ela é fiel, mas é devagar na cama.
Às vezes ele é carinhoso, mas não é fiel.
Às vezes ele é atencioso, mas não é trabalhador.
Às vezes ela é muito bonita, mas não é sensível.
Tudo junto, não vamos encontrar.
Perceba qual o aspecto mais importante para você e invista nele.
Pele é um bicho traiçoeiro. Quando você tem pele com alguém, pode ser o papai com mamãe mais básico que é uma delícia.
E às vezes você tem aquele sexo acrobata, mas que não te impressiona...
Acho que o beijo é importante... e se o beijo bate... se joga... se não bate... mais um Martini, por favor... e vá dar uma volta.
Se ele ou ela não te quer mais, não force a barra. O outro tem o direito de não te querer.
Não brigue, não ligue, não dê pití. Se a pessoa tá com dúvidas, problema dela, cabe a você esperar... ou não. 
Existe gente que precisa da ausência para querer a presença.
O ser humano não é absoluto.
Ele titubeia, tem dúvidas e medos, mas se a pessoa REALMENTE gostar, ela volta. Nada de drama. 
Que graça tem alguém do seu lado sob pressão?
O legal é alguém que está com você, só por você. E vice-versa. Não fique com alguém por pena. Ou por medo da solidão. Nascemos sós. Morremos sós.
Nosso pensamento é nosso, não é compartilhado. E quando você acorda, a primeira impressão é sempre sua, seu olhar, seu pensamento.
Tem gente que pula de um romance para o outro. Que medo é este de se ver só, na sua própria companhia?
Gostar dói. Muitas vezes você vai sentir raiva, ciúmes, ódio, frustração... Faz parte. Você convive com outro ser, um outro mundo, um outro universo.
E nem sempre as coisas são como você gostaria que fosse... A pior coisa é gente que tem medo de se envolver.
Se alguém vier com este papo, corra, afinal você não é terapeuta. Se não quer se envolver, namore uma planta. É mais previsível.
Na vida e no amor, não temos garantias. 
Nem toda pessoa que te convida para sair é para casar. Nem todo beijo é para romancear. 
E nem todo sexo bom é para descartar... ou se apaixonar... ou se culpar...
Enfim...quem disse que ser adulto é fácil ????

Arnaldo Jabor

Desejo a vocês...
Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com seu amor
Filme do Carlitos
Chope com amigos
Crônica de Rubem Braga
Viver sem inimigos
Filme antigo na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
Música de Tom com letra de Chico
Frango caipira em pensão do interior
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável
Ver a Banda passar
Noite de lua cheia
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Não ter que ouvir a palavra não
Nem nunca, nem jamais e adeus.
Rir como criança
Ouvir canto de passarinho.
Sarar de resfriado
Escrever um poema de Amor
Que nunca será rasgado
Formar um par ideal
Tomar banho de cachoeira
Pegar um bronzeado legal
Aprender um nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada
Pôr-do-Sol na roça
Uma festa
Um violão
Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas de alegria
Uma tarde amena
Calçar um velho chinelo
Sentar numa velha poltrona
Tocar violão para alguém
Ouvir a chuva no telhado
Vinho branco
Bolero de Ravel
E muito carinho meu.

Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 24 de maio de 2012


Ah, o amor! Esse sentimento tão inspirador para milhares de poemas, músicas e livros... Será que ele nos ajuda no caminho do encontro de nosso ver­dadeiro eu? Por muito tempo, acreditava-se que para que um yogi transcendesse e trilhasse um ca­minho de autodescoberta e crescimento espiritual, ele precisaria ser um sannyasi, ou seja, alguém que se desapega do mundo material e vive em celibato. Mas não é o único caminho. Pedro Pessoa, profes­sor de Yoga em Florianópolis, SC, explica: “Ainda existe essa visão ‘romântica’ de que um yogi deve ser um renunciante, um sannyasi, que se retira do mundo, abrindo mão da relação familiar em prol do seu de­senvolvimento espiritual. Mas o meu Guruji, B. K. S. Iyengar, no livro A árvore do Yoga, relata que antiga­mente, na Índia, muitos yogis eram homens de família e alcançaram a plenitude do Yoga enquanto viviam em meio às suas atividades familiares. Ele mesmo é um exemplo vivo disso!” A professora Renata Ventura, de São Paulo, SP, lembra que muitas linha­gens na Índia mostram o caminho de li­bertação passando pela fase de brahma­chari (contenção), grihastha (homem de família) e sannyasi (renunciado). Ela diz: “Um brahmachari está em uma fase de aprendizagem, de conter suas energias para apreender o mundo ao seu redor; um grihastha está no momento de desenvolver suas ha­bilidades pessoais (dharma) para gerar sua família e dar sua contribuição à sociedade, e era somente por volta dos 60 anos que os homens deixavam seus lares para serem renunciantes em busca da verdade suprema, da liberdade”. Porém, assim como Pedro, Renata lembra que seu mestre – B. K. S. Iyengar – não é um sannyasi, assim como também não o era o mestre de seu marido Mário Reinert, professor de Ashtanga Yoga, o faleci­do Pattabhi Jois.
O amor pode ser o portal por onde alcança­mos o nosso verdadeiro Ser, a nossa real essência. A líder espiritual Amma disse em uma conferência em Jaipur, 2008: “Não há nada mais intenso que a for­ça e a beleza de dois corações que se amam. O amor tem o frescor da lua cheia e o brilho ofuscante do sol. Homens e mulheres devem estar dispostos a convidar esse amor a entrar. Somente o amor pode trazer uma mudança perene nas atitudes e, consequentemente, na realidade de toda a sociedade”.
Mas, para quem acha que “um amor e uma cabana” bastam, Pedro e Renata mostram que não é bem assim. Pedro, que é casado há mais de uma década com a também professora Ca­mila de Lucca, enfatiza que o amor é um trabalho que exige abhyasa (disci­plina) e vairaghya (desapego), exigin­do esforço de ambos. Diz ele: “É uma tentativa de unir duas naturezas dife­rentes. Oferece, porém, em sua imensa generosidade, um caminho em que os enamorados po­dem encontrar a própria essência: atman (a sua alma). É a partir dela que vem essa força extraordinária que muitos anseiam, chamada amor”. Renata reforça: “De­vemos nos esforçar com disciplina (tapas) para superar as desigualdades e observar um constante autoestudo (svadhyaya) diante de nosso comportamento com o par­ceiro”.  Numa passagem da Brihadaranyaka Upanishad (um dos mais antigos textos filosóficos da cultura hin­du), o sábio Yajñavalkya ensina à sua esposa: "Em ver­dade, não é pelo amor ao esposo, minha querida, que o esposo é amado: ele é amado pelo amor ao Ser que, em sua natureza real, é uno com o Ser Ilimitado. Em verdade, não é pelo amor à esposa, minha querida, que a esposa é amada: ela é ama­da pelo amor ao Ser”. ∗A explicação para a upanishad acima é feita por Pedro Kupfer, professor de Yoga em Mariscal, SC: “Isso significa que, quando amamos uma pes­soa, não estamos amando-a pelo que ela é, mas pelo que ela evoca em nós: a pessoa simples, pacífica e plena que essencial­mente somos”. Nenhum relacionamento é um mar de rosas o tempo todo. Por isso mesmo, a prática do Yoga, não só dentro como fora do tapetinho, é mais que ne­cessária para ajudar a driblar as dificulda­des diárias. Segundo Pedro e Camila, “O Yoga nos ensina a ver, nos ensina a olhar para o outro com novos olhos: com os olhos de atman (a alma)”. A aplicação dos ensinamentos da filosofia, tais como os yamas e niyamas, também não podem dei­xar de estar presentes no relacionamento a dois: “Acreditamos que para viver um relacionamento yóguico é necessário que as condutas de yamas e nyamas estejam presentes na vida cotidiana do casal. Por exemplo, a verdade – satya – é fun­damental! Um relacionamento sátvico somente pode ser baseado na confiança. Confiança esta que será construída na honestidade e verdade de seus atos e pa­lavras. Mesmo aquela mentirinha boba pode quebrar este elo sagrado de con­fiança mútua”, explicam Renata e Má­rio. Até mesmo um dos grandes vilões dos relacionamentos estáveis – a rotina – pode ser driblado quando aplicamos o que o Yoga nos ensina: “O contenta­mento – santosha – na vida diária virá à medida que o relacionamento esteja maduro e que ambos estejam seguros de seu dharma. Apreciar cada momento simples do dia juntos é um sinal de paz e contentamento a dois”, diz Renata. Tan­to Pedro e Camila quanto Renata e Má­rio são uníssonos em dizer que o Yoga é fundamental na manutenção do relacio­namento. Pedro relata: “À medida que praticamos Yoga, nos tornamos mais abertos, mais flexíveis, compreensivos, tolerantes, receptivos e mais alegres uns com os outros. E naturalmente reconhe­ceremos que o caminho do Yoga é o ca­minho que nos leva ao amor”.


Dizem que tô louco
Por te querer assim
Por pedir tão pouco
E me dar por feliz
Em perder noites de sono
Só pra te ver dormir
E me fingir de burro
Pra você sobressair
Dizem que tô louco
Que você manda em mim
Mas não me convencem, não
Que seja tão ruim
Que prazer mais egoísta
O de cuidar de um outro ser
Mesmo se dando mais
Do que se tem pra receber
E é por isso que eu te chamo
Minha flor, meu bebê
Dizem que tô louco
E falam pro meu bem
Os meus amigos todos
Será que eles não entendem
Que quem ama nesta vida
Às vezes ama sem querer
Que a dor no fundo esconde
Uma pontinha de prazer
E é por isso que eu te chamo
Minha flor, meu bebê

Cazuza

Não sei se a vida é curta ou longa para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silencio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira, pura enquanto durar. Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.

Cora Coralina

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Além de se utilizar de alimentação adequada, fitoterapia, yoga e outras técnicas, a massagem é uma das principais técnicas utilizada pelos médicos e terapeutas ayurvédicos, por ser de baixo custo e fácil aplicação. Surgida na cultura dos Vedas (antiga etnia indiana), não é apenas uma das mais antigas e sim uma das mais completas técnicas naturais para restabelecer o equilíbrio físico e psíquico. Trata-se de uma massagem profundamente relaxante, atuando no campo físico e energético, tendo a função de purificação e manutenção da saúde corporal. Tem como objetivo restaurar o bem-estar físico, mental, energético e emocional.
A massagem ayurvédica age nos sistemas: linfático (desintoxicando o organismo), circulatório (aumentando a produção de glóbulos brancos e a nutrição e oxigenação celular) e energético (reequilibrando o chakra e atuando nos sete corpos - desfazendo bloqueios emocionais). Dessa forma contribuindo na cura das principais doenças.
É importante ressaltar que, para uma massagem ser ayurvédica, deve levar em consideração os doshas do paciente, seus desequilíbrios e suas características. É uma prática individualizada, específica para cada tipo de pessoa. Não existe apenas uma técnica de massagem na Ayurveda, mas sim diversas delas, que são feitas com óleos medicados, de acordo com o dosha do indivíduo.
Por isso que eu vou pra índia!

Texto do wikipédia e vídeo do youtube.

O que pode ser mais reconfortante do que ouvir no rádio uma música que marcou uma fase alegre da vida em um dia de desespero ou solidão?
“A música une as pessoas. É o mais profundo medicamento não químico.” A afirmação é do neurologista inglês Oliver Sacks, autor do ótimo Alucinações musicais. Segundo ele, o poder da música para integrar e curar é fundamental. Para o escritor indiano Salman Rushdie, em seu romance O chão que ela pisa, a música é o dom divino que nos salva da miséria humana.
A ciência concorda com a poesia: ritmo, melodia e movimentos são exclusivos do homem, fundamentais na evolução humana e com efeitos ativos no cérebro. Pessoas com Alzheimer ou que sofreram derrame respondem a estímulos da música, por exemplo.
O musicoterapeuta e professor de Yoga Diogo Camargo utiliza o poder da música para cuidar de pacientes com as mais variadas questões: “Yoga e música são ferramentas que abrangem a totalidade do ser, partindo para a vivência prática e visceral, concretizando na matéria consciência, harmonia, cura, orientação, ritmo, disciplina e valores éticos”. Além das sessões de musicoterapia, Diogo gravou o CD Mantras do Coracão, com Marcio Assumpção, e toca em aulas de Yoga ao lado de Anita Carvalho. "Faço práticas silenciosas também. Acredito na tradição, em praticar asanas ouvindo apenas a respiração. Mas a música me trouxe mais uma ferramenta para ir de encontro com a minha natureza. Vi que os alunos também ficaram mais conectados na aula", explica a professora.
No Yoga, há várias maneiras de se beneficiar com a música, que passam do Bhakti ao Nada Yoga (veja detalhes a seguir). Krucis, músico discípulo do sitarista indiano Ustad Aashish Kahn, acredita fortemente na música como meio para sair do estado de estresse. “As pessoas deixam o pensamento brotar demais, e a música traz a pessoa para o foco. Toda possibilidade de cura vem do esvaziamento, para que a pessoa consiga se ver, enxergar o mal que a atinge”, diz. 
Krucis acompanha professores em aulas de Yoga e também oferece sessões particulares de Nada Yoga. “O trabalho é tocar para o aluno/ paciente relaxar. É resgatar o som interno de cada um, que é como um DNA para a pessoa entrar em contato com o seu eu no aqui e agora – esse é o 'religar' da pessoa”.



Estar bem e feliz é uma questão de escolha e não de sorte ou mero acaso. É estar perto das pessoas que amamos, que nos fazem bem e que nos querem bem. É saber evitar tudo aquilo que nos incomoda ou faz mal, não hesitando em usar o bom senso, a maturidade obtida com experiências passadas ou mesmo nossa sensibilidade para isso. É distanciar-se de falsidade, inveja e mentiras. Evitar sentimentos corrosivos como o rancor, a raiva, e as mágoas que nos tiram noites de sono e em nada afetam as pessoas responsáveis por causá-los. É valorizar as palavras verdadeiras e os sentimentos sinceros que a nós são destinados. E saber ignorar, de forma mais fina e elegante possível, aqueles que dizem as coisas da boca para fora ou cujas palavras e caráter nunca valeram um milésimo do tempo que você perdeu ao escutá-las.

Fernanda Young

terça-feira, 22 de maio de 2012

O que nos fazem humanos? O que nos diferencia das máquinas? 
Atualmente estamos criando protótipos humanos para substituir a mão de obra dos operários e consequentemente gerando mais desemprego.
Mas voltando as minhas perguntas iniciais, o que nos fazem humanos?
São todas as coisas que eu não posso explicar...está no amor, na dor, no medo...resumindo, é o sentimento.
A única coisa que nos diferenciam destes protótipos de ferro é o nosso sentimento. E mesmo assim existem pessoas no mundo mais máquinas do que humanos. Pessoas que esquecem que são humanos e que não possuem emoções.
Imaginem um mundo feito só de máquinas. Seria um mundo automático, todos fazendo o que devem fazer e sem ligar para o outro. Seria um mundo frio, sem sentimento e sem alegria.
E onde se encontra o sentimento? Para mim o sentimento está no coração, pois é ele que nos faz sentirmos vivos. Basta colocar a mão no lado esquerdo do nosso peito e sentiremos uma pulsação constante. Por isso acho que o sentimento começa aí. Sempre coloco a minha mão no meu peito para poder sentir estas batidas repetitivas. Isto sempre me faz sentir outras emoções como a alegria, a paixão, e até mesmo a gratidão por estar vivo.
O coração é a raiz dos nossos sentimentos e é ele que nos diferencia das máquinas. 

Eduardo Henrique Ferreira
Vai, minha tristeza, e diz a ela
Que sem ela não pode ser
Diz-lhe, numa prece, que ela regresse
Porque eu não posso mais sofrer
Chega de saudade, a realidade é que sem ela
Não há paz, não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim, não sai de mim, não sai
Mas, se ela voltar, se ela voltar
Que coisa linda, que coisa louca
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos que eu darei na sua boca
Dentro dos meus braços
Os abraços hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim
Que é pra acabar com esse negócio de viver longe de mim
Não quero mais esse negócio de você viver assim
Vamos deixar desse negócio de você viver sem mim

Vinícius de Moraes
Amazing!

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio;
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca; 
Porque metade de mim é o que eu grito,
Mas a outra metade é silêncio...
Que a música que eu ouço ao longe
Seja linda, ainda que tristeza;
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada 
Mesmo que distante;
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade...
Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece
E nem repetidas com fervor,
Apenas respeitadas como a única coisa que resta 
A um homem inundado de sentimentos;
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo...
Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço;
E que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada;
Porque metade de mim é o que penso 
Mas a outra metade é um vulcão...
Que o medo da solidão se afaste
E que o convívio comigo mesmo
Se torne ao menos suportável;
Que o espelho reflita em meu rosto
Um doce sorriso que me lembro ter dado na infância;
Porque metade de mim é a lembrança do que fui,
A outra metade eu não sei...
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria 
para me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais;
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço...
Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade para faze-la florescer;
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção...
E que a minha loucura seja perdoada 
Porque metade de mim é amor
E a outra metade... também.

Oswaldo Montenegro

Morre lentamente
Quem não viaja,
Quem não lê,
Quem não ouve música,
Quem não encontra graça em si mesmo
Morre lentamente
Quem destrói seu amor próprio,
Quem não se deixa ajudar. 
Morre lentamente
Quem se transforma em escravo do hábito
Repetindo todos os dias os mesmos trajeto,
Quem não muda de marca,
Não se arrisca a vestir uma nova cor ou 
Não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente
Quem evita uma paixão e seu redemoinho de emoções, Justamente as que resgatam o brilho dos 
Olhos e os corações aos tropeços. 
Morre lentamente
Quem não vira a mesa quando está infeliz 
Com o seu trabalho, ou amor,
Quem não arrisca o certo pelo incerto 
Para ir atrás de um sonho, 
Quem não se permite, pelo menos uma vez na vida, Fugir dos conselhos sensatos... 
Viva hoje !
Arrisque hoje ! 
Faça hoje !
Não se deixe morrer lentamente !
NÃO SE ESQUEÇA DE SER FELIZ

Martha Medeiros

segunda-feira, 21 de maio de 2012


"Era uma vez, mas eu me lembro como se fosse agora, eu queria ser trapezista. Minha paixão era o trapézio, me atirar lá do alto na certeza de que alguém segurava minhas mãos, não me deixando cair. Era lindo mas eu morria de medo. Tinha medo de tudo quase, cinema, parque de diversão, de circo, ciganos, aquela gente encantada que chegava e seguia. Era disso que eu tinha medo, do que não ficava para sempre. Era outra vez, outro circo, ciganos e patinadores. O circo chegou a cidade era uma tarde de sonhos e eu corri até lá. Os artistas, eles se preparavam nos bastidores para começar o espetáculo, e eu entrei no meio deles e falei que eu queria ser trapezista. Veio falar comigo uma moça do circo que era a domadora, era uma moça bonita, forte, era uma moçona mesmo. Ela me olhou, riu um pouco, disse que era muito difícil, mas que nada era impossível. Depois veio o palhaço Poli, veio o Topz, veio o Diverlangue que parecia um príncipe, o dono do circo, as crianças, o público. De repente apareceu uma luz lá no alto e todo mundo ficou olhando. A lona do circo tinha sumido e o que eu via era a estrela Dalva no céu aberto. Quando eu cansei de ficar olhando para o alto e fui olhar para as pessoas, só aí, eu vi que eu estava sozinho".

Antônio Bivar
Como eu posso pensar que eu estou ficando forte???
Se ainda sinto o ar indigno sobre meus pés...
Como pode a felicidade parecer tão errada???
Se quando estou feliz pessoas estão tristes por causa da minha felicidade.... 
Como pode a miséria parecer tão triste???
Se quando eu tinha tudo também não estava feliz....
Como você pôde deixar eu te ver dormir???
E você quebrar meus sonhos do jeito que você faz quando ainda estou acordado....
Por que eu tenho que ir tão no fundo??? 
Porque isso é o mais perto da loucura que eu já cheguei... 
Por que eu tive que me apaixonar por você???
Porque isso é o mais próximo da loucura que eu percebo...
Eu nunca fui louco sozinho
E agora eu sei que há um elo entre duas pessoas 
Estando perto da loucura, e estando perto de você...
Eu era louco com você ao lado, louco por você do meu lado...
Hoje não mais....
Como você pôde me fazer desmanchar???
Se ao seu lado parecia um rocha intransponível...
Você fez eu desabar com suas mentiras de amor... 
É tão difícil preencher um coração...
É tão fácil quebrar um coração... 
É tão fácil fechar seus olhos ...
Mas é impossível abri-lo novamente pra enxergar o que você via antes..
Como alguém pode se sentir tão triste???
Essa resposta eu não tenho...

Gustavo André